sábado, 5 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 / QUARTAS DE FINAL


Higuaín desencanta, Argentina bate Bélgica e volta à semi após 24 anos

De sufoco em sufoco, a Argentina vai avançando na Copa do Mundo. Fez sua melhor atuação neste Mundial, mas a vitória veio da mesma maneira que nos jogos anteriores: na base do sofrimento. Os hermanos seguraram a pressão da Bélgica para arrancar um triunfo magro por 1 a 0, neste sábado, em Brasília, e se classificaram a uma semifinal após 24 anos de ausência. Na próxima fase, encaram o vencedor do duelo entre Holanda e Costa Rica.

A última vez que a Argentina havia chegado a uma semifinal ocorreu na Copa de 1990, ainda com Maradona. Na ocasião, foi até decisão e ficou com o vice, derrotada pela Alemanha. A classificação em 2014 é um feito histórico de uma geração considerada talentosa, mas que nunca conquistou um título pelo país. Faltam apenas dois passos para Messi levantar um Mundial por sua seleção e entrar de vez no grupo dos maiores jogadores de todos os tempos.

As fases do jogo : 

Se pareceu dispersa em outros jogos, a Argentina mostrou-se muito mais concentrada no primeiro tempo das quartas de final e apresentou seu futebol mais consistente. Adiantou sua linha de marcação, cedeu poucos espaços aos belgas e já estava vencendo aos 7 minutos, quando Higuaín abriu o placar chutando de fora da área. Só não ampliou na etapa inicial porque os companheiros de Messi não aproveitaram os belos passes distribuídos pelo atacante, que vinha buscar a bola no meio-campo. Os europeus chegaram com perigo apenas uma vez, quando Mirallas cabeceou sozinho para fora aos 41.

Atrás no placar, a Bélgica se lançou mais ao ataque no segundo tempo e cedeu espaços para o contra-ataque argentino. Em bela jogada individual, Higuaín acertou o travessão aos 9. Na tentativa de pressão, os belgas apostavam em muitos cruzamentos em direção a seus grandalhões. Brilhou, porém, a estrela da defesa argentina, que afastou o perigo em todas as oportunidades. Messi ainda teve a chance de matar o jogo no último lance, mas parou na defesa de Courtois.

O melhor : Higuaín – Atacante finalmente desencantou. Não se limitou a ficar dentro da área entre os zagueiros e participou mais do jogo. Como resultado, marcou um belo gol e ainda mandou uma bola no travessão após jogada individual. Vale a menção também a Messi, que mais uma vez teve boa atuação como 'garçom'. Distribuiu bons passes, que só não resultaram em gols por vacilos de seus companheiros.

O pior : Origi – O jovem atacante belga parece ter sentido a pressão de uma partida decisiva de Copa. Praticamente não pegou na bola e acabou substituído no segundo tempo. A Bélgica cresceu de produção com a entrada de Lukako, que já havia ido bem contra os Estados Unidos.

A chave do jogo : Consistência da Argentina na marcação. Extremamente criticada, a defesa da Argentina foi fundamental para a classificação às semifinais. Com uma marcação agressiva, a equipe cedeu poucos espaços para a Bélgica. Mesmo com a pressão  nos minutos finais, os europeus sofreram para criar boas chances de gol.

Toque dos técnicos : Alejandro Sabella mudou a defesa argentina para as quartas de final. Diante do veloz ataque belga, colocou o zagueiro Basanta improvisado na lateral esquerda no lugar do suspenso Rojo. Demichelis ganhou o lugar de Fernandez na zaga e o volante Biglia substituiu Gago. A mudança deu maior solidez à marcação dos sul-americanos e se mostrou importante para segurar o resultado nos minutos finais.

Para lembrar :

Fim do jejum. O centroavante Higuaín finalmente fez as pazes com o gol. O argentino não balançava as redes desde o dia 13 de maio, quando marcou três vezes na vitória do Napoli sobre a Lazio.

Baixa importante. A Argentina ganhou uma dúvida para a semifinal. O meia Dí María sentiu uma lesão muscular na coxa após chutar a gol no primeiro tempo e acabou substituído ainda na etapa inicial.

Neymar é lembrado. Os brasileiros presentes ao Mané Garrincha manifestaram seu apoio ao camisa 11 da seleção, gritando seu nome durante a partida. Alguns argentinos levaram cartazes de apoio ao jogador, enquanto outros ironizaram a lesão.

Maradona x Pelé nas arquibancadas. Torcedores brasileiros e argentinos fizeram um curioso duelo no Mané Garrincha com cânticos que exaltavam seu ídolo e ironizavam o do rival.

Ficha Técnica / ARGENTINA 1 x 0 BÉLGICA

Argentina : Romero; Zabaleta, Demichelis, Garay e Basanta; Mascherano, Biglia e Di Maria (Pérez); Messi, Lavezzi (Palacio) e Higuaín (Gago). Técnico : Alejandro Sabella

Bélgica : Courtois; Alderweireld, Kompany, Van Buyten e Vertonghen; Witsel, Fellaini, Mirallas (Mertens), De Bruyne e Hazard (Chadli); Origi (Lukaku). Técnico : Marc Wilmots

Data : 05/07/2014 - 13h

Local : Mané Garrincha (Brasília)

Árbitro : Nicola Rizzoli (ITA)

Auxiliares : Renato Faverani e Andrea Stefani (ITA)

Cartões amarelos : Biglia (Argentina); Hazard e Alderweireld (Bélgica)

Gols : Higuaín, aos 7 min do 1º tempo

Fonte : uol.com.br


Nos pênaltis, Holanda enfim fura bloqueio da Costa Rica para avançar à semi

A Costa Rica estava no Grupo da Morte e passou. Estava com um a menos contra a Grécia, levou gol no último minuto e, mesmo assim, passou nos pênaltis. Apostou que conseguiria parar a Holanda como parou a Itália e o Uruguai – e parou, de forma que poucos saberão explicar quando, no futuro, virem a tabela da Copa-2014: 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Só que, nos pênaltis, foi encontrado o limite: a Holanda conseguiu bater o goleiro Navas em quatro cobranças e está nas semifinais: 4 a 3. Para a história fica Krul, o goleiro que entrou no último minuto da prorrogação só para os pênaltis, e pegou dois.

A Holanda encara a Argentina, e o Itaquerão verá um duelo entre duas grandes seleções do mundo na próxima quarta-feira, às 17h. Os laranjas podem ver o jogo como uma chance de revanche, pelo vice em 1978; como a chance de manter o sonho de, após três vices, levantar a taça mais desejada do futebol mundial. Para isso, terão que bater uma seleção que estará nas semifinais pela primeira vez após 24 anos, e liderada por aquele que, quatro vezes melhor do mundo, quer entrar de vez para o panteão dos melhores da história. É possível que o jogo seja ruim?

Fases do jogo : 

A primeira etapa do último duelo das quartas de final começou como era esperado: a Holanda teve que sair mais para o jogo, diferentemente do que vinha fazendo nas partidas anteriores, mas fez isso sem mudar um ponto fundamental em seu estilo: as bolas em velocidade para Robben. Enquanto isso, a Costa Rica se defendia e apostava na consciência de Bryan Ruiz no meio campo. Conseguiu criar boas jogadas que eram paradas com faltas pelos holandeses e soube neutralizar bastantes ataques rivais, mas viu por duas vezes a Holanda achar seu ataque nas costas da defesa.

Na segunda etapa, os 10 primeiros minutos foram similares à primeira metade, mas com um porém: em contra-ataque, Junior Diaz invadiu a área pela esquerda e tocou rasteiro para Campbell. O atacante foi derrubado, em lance que gerou suspeita de pênalti. Depois, a Costa rica chegou a ensaiar "gostar do jogo", como diz o clichê, algo que acabou quando Campbell foi substituído. A partir daí, Sneijder colocou a bola na trave em falta e Van Persie furou em lance dentro da pequena área. O destino foi a prorrogação, após o lance mais incrível da partida: nos acréscimos, Tejeda salvou bola em cima da linha após ela cruzar por dois atacantes na pequena área; a bola tocou no jogador e ainda no travessão antes de ser afastada.

A prorrogação mostrou que Navas fez um acordo com uma entidade espiritual, possivelmente: três bolas na trave, e nada de gol. Ureña ainda teve a chance para a Costa Rica, mas parou em Cillessen - que foi substituído por Krul só para as cobranças. Nos pênaltis, a substituição de Van Gaal se mostrou correta: Krul pegou dois pênaltis, e levou a Holanda para as semifinais.

O melhor : Navas - Novamente o goleiro costarriquenho teve atuação grandiosa. Na primeira etapa, pegou duas bolas cara a cara com os atacantes holandeses, além de uma espetacular ponte em falta cobrada por Sneijder. Na etapa final, pegou uma cabeçada de Lens com o jogo já parado por impedimento, em plástico salto, e mais uma bola cara a cara com Van Persie, que chutou de bico e, no estilo futsal, Navas evitou o gol. Na prorrogação, mais algumas defesas difíceis. Não conseguiu defender nos pênaltis, mas fica para a história como o melhor jogador da principal campanha da Costa Rica em todos os tempos.

O pior : Não há como eleger um pior jogador para o mais emocionante jogo da Copa. Não houve falhas individuais nem coletivas. Os atacantes da Holanda, se não marcaram, pararam no goleiro Navas. Os defensores da Costa Rica, por mais que tenham apelado para faltas duras, cumpriram seu objetivo. E não é válido crucificar Bryan Ruiz e Umaña pelos pênaltis desperdiçados.

Chave do jogo : A velocidade holandesa já se torna uma das marcas da Copa. Os principais ataques do time parecem surgir de bolas aleatoriamente afastadas pela zaga - mas não se engane, todos os lançamentos são conscientes e quase sempre encontram Robben ou Van Persie em boa situação. Do outro lado, a impressionante defesa costarriquenha, que segurou um dos melhores ataques do mundo por 120 minutos. A decisão só poderia ser nos pênaltis.

E lá surgiu a chave alternativa: a entrada de Krul no último minuto da prorrogação só para as cobranças. Com seu 1,93 m, o goleiro pegou dois e garantiu a Holanda entre as quatro melhores seleções do mundo.

Toque dos técnicos : De forma surpreendente, o técnico Jorge Luis Pinto, da Costa Rica, tirou Joel Campbell, seu único atacante, aos 20 min. do segundo tempo, para colocar Ureña, de características mais de centroavante do que de jogador de velocidade. Isso acabou com os contra-ataques costarriquenhos, que se limitaram a tentar defender a Holanda. 

Do lado holandês, uma substituição extremamente polêmica, mas que entrará para a história das Copas: Krul no lugar de Cillessen só para os pênaltis. Deu certo.

Para lembrar :

Ravshan Irmatov, o árbitro do duelo, se tornou o juiz a mais apitar partidas de Copa do Mundo na história: foi o 9° jogo do uzbeque.

Navas, o goleiro da Costa Rica e um dos melhores da Copa, realizou 21 defesas contando o jogo das quartas de final. A marca é ótima, mas mostra como o recorde de Tim Howard, que fendeu 16 bolas para os EUA contra a Bélgica, é espetacular.

As semifinais da Copa terão equipes que, juntas, somam 10 títulos mundiais. O único confronto que não cedeu uma seleção já dona de taça de Copa foi exatamente esse entre Holanda e Costa Rica.

A Fonte Nova chegou ao duelo pelas quartas, seu último no Mundial, com 4,8 gols de média por partida. Com o 0 a 0, sai da Copa com exatos 4 gols por partida.

A Holanda consegue terminar uma maldição: nunca havia vencido um jogo de Copa que chegou a prorrogação: em 1938, caiu por 3 a 0 no tempo extra para a Tchevoslováquia; em 1978, perdeu a final na prorrogação para a Argentina por 3 a 1; em 1998, perdeu nos pênaltis para o Brasil nas semis; e em 2010, perdeu a final para a Espanha.

Ficha Técnica / HOLANDA 0 (4) X (3) 0 COSTA RICA

Data : 5 de julho de 2014

Horário : 17h00 (de Brasília)

Local : Fonte Nova, em Bahia (BA)

Árbitro : Ravshan Irmatov (UZB)

Assistentes : Abduxamidullo Rasulov (UZB) e Bakhadyr Kochkarov (QUI)

Cartões amarelos : Junior Diaz, aos 37 min. do 1°t, Umaña, aos 6 min., Gonzalez, aos 35 min. do 2°t, Acosta, a 1 min. do 2°t da pror.) (CRC); Martins Indi, aos 18 min. do 2°t (HOL)

Holanda : Cillessen (Krul, aos 15 min. do 2°t da pror.); Bind, Martins Indi (Huntelaar, no intervalo da pror.), Vlaar e De Vrij; Kuyt, Wijnaldum, Sneijder e Memphis Depay (Lens, aos 30 min. do 2°t); Robben e Van Persie / Técnico : Louis Van Gaal

Costa Rica : Navas; Acosta, Gonzalez, Umaña e Junior Diaz; Celso Borges, Gamboa (Myrie, aos 32 min. do 2°t), Tejeda (Cubero, aos 6 min. do 1°t da pror), Bolaños e Bryan Ruiz; Joel Campbell (Ureña, aos 20 min. do 2°t) / Técnico : Jorge Luis Pinto

Por Marcelo Oliveira / VídeoPlay Esporte

sexta-feira, 4 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 / QUARTAS DE FINAL


Alemanha bate França em 'clássico tático', vai à semi e aguarda o Brasil

O tão esperado clássico europeu decepcionou. Duelo extremamente tático, travado, no qual as defesas prevaleceram. Foi decisiva, então, a eficiência da Alemanha, que aproveitou uma das poucas oportunidades que teve para bater a França por 1 a 0, nesta sexta-feira, no Maracanã. Os tricampeões mundiais avançam às semifinais da Copa e enfrentam o vencedor do duelo entre Brasil e Colômbia.

A classificação confirma a constância alemã, que chega às semifinais pela quarta vez consecutiva. O desafio agora é parar de bater na trave. Apontada como uma geração promissora desde seu surgimento, em 2006, a atual equipe sempre falhou às vésperas da decisão. Hora de acabar com o quase? Promessa de dificuldade para os comandados de Felipão, se estes passarem de fase.

As fases do jogo :

 O clássico europeu opôs duas concepções de jogo no primeiro tempo. A Alemanha foi a dona da posse de bola, pressionou a saída adversária e procurou ditar o ritmo da partida. Já a França apostou em lançamentos longos, jogadas de velocidade e de poucos toques. Foram mais agudos que os rivais, fizeram o goleiro Neuer trabalhar aos 33 em chute de Valbuena, mas sofreram diante da efetividade dos alemães, que abriram o placar em sua única finalização correta. Hummels desviou de cabeça após cobrança de falta e abriu o placar.

O panorama da partida pouco mudou na etapa final. Atrás no placar, a França até tentou sair mais para o jogo, mas sofreu para escapar da marcação adiantada do adversário. Com a entrada de Rémy na metade do segundo tempo, os franceses partiram para a pressão. Cedeu, porém, espaço para o veloz contra-ataque alemão. Schürrle, sozinho, na grande área, chutou em cima de Lloris aos 36. No minuto final, Neuer fez milagre em chute de Benzema e evitou que o jogo fosse para a prorrogação.

O melhor : Hummels – Zagueiro teve muito trabalho diante dos velozes atacantes franceses e correspondeu. Salvou duas chances claras do adversário e mostrou presença ofensiva ao abrir o placar para os alemães com um gol de cabeça.

O pior : Klose – Foi a grande aposta da Alemanha, que até então não havia atuado com um centroavante fixo durante toda a Copa. Não foi desta vez, porém, que o veterano atacante deixou o brasileiro Ronaldo para trás como o maior artilheiro da história dos Mundiais. Ficou preso na marcação francesa, participou pouco do jogo e não criou sequer uma chance de gol. Acabou substituído no segundo tempo.

A chave do jogo : Bola parada – Em um jogo extremamente equilibrado e truncado, no qual as defesas prevaleceram sobre os ataques, mostrou-se decisiva. Foi em uma cobrança de falta que surgiu o gol de cabeça de Hummels, que garantiu a vitória alemã.

Toque dos técnicos : Alemanha sem centroavante fixo não é a Alemanha. Esta foi a principal crítica feita à equipe que apresentou dificuldades na primeira fase e sofreu para eliminar a Argélia nas oitavas. Pois o técnico Joachim Löw decidiu rever seus conceitos. Pela primeira vez nesta Copa, optou por escalar Klose como titular, colocando Götze no banco. Na etapa final, diante da pouca efetividade do veterano, sacou o jogador e voltou a atuar com Müller como 'falso 9'.

Para lembrar :

Data para guardar.  O dia 4 de julho é especial para os alemães. Além da classificação para as semifinais da Copa de 2014, é aniversário da histórica vitória no Mundial de 1954. Na ocasião, a seleção derrotou a Hungria na final por 3 a 2 e conquistou o primeiro de seus três títulos. O triunfo ficou conhecido como o 'Milagre de Berna'.

Fim da invencibilidade. Capitão da França na conquista invicta da Copa de 1998, o técnico Didier Deschamps conheceu sua primeira derrota com sua seleção em um Mundial.

Saúde em dia. Um surto de gripe preocupou os alemães às vésperas do duelo contra a França. Sete jogadores da equipe, que não tiveram seus nomes revelados, apresentaram problemas. Havia a expectativa de que, com o calor de um jogo às 13h no Rio, os atletas apresentassem dificuldades. O que se viu, porém, foi uma Alemanha 100%.

Confusão nas arquibancadas. A partida no Maracanã teve um fato lamentável. Um torcedor francês foi agredido por um PM durante bate boca e sofreu um corte na cabeça. Sangrando muito, precisou receber atendimento médico no estádio.

Ficha Técnica / FRANÇA 0 x 1 ALEMANHA

França : Lloris; Debuchy, Varane, Sakho (Koscielny) e Evra; Cabaye (Rémy), Pogba e Matuidi; Valbuena (Giroud), Griezmann e Benzema. Técnico: Didier Deschamps

Alemanha : Neuer; Lahm, Boateng, Hummels e Howedes; Khedira, Schweinsteiger, Kroos (Kramer) e Özil (Götze); Müller e Klose (Schürrle). Técnico: Joachim Löw

Data : 04/07/2014 - 13h

Local : Maracanã (Rio de Janeiro)

Árbitro : Nestor Pitana (ARG)

Auxiliares : Hernan Maidana e Juan Pablo Belatti (ARG)

Cartões amarelos : Khedira e Schweinsteiger (Alemanha)

Gols : Hummels, aos 12 min do 1º tempo



Seleção vai à semifinal com gols e atuação de gala de zagueiros

Os seis dias entre a partida das oitavas de final contra o Chile e a das quartas contra a Colômbia foram pautados praticamente por um só assunto para a seleção brasileira: o estado psicológico dos jogadores. Se alguns se emocionaram durante a disputa de pênaltis, e outros durante o hino nacional à capela, houve quem usasse isso para acusar a equipe de despreparo emocional. Pois bem: Luiz Felipe Scolari e Neymar falaram sobre isso em entrevistas coletivas, o resto foi esquecido e o time aproveitou para entrar totalmente mudado para o duelo com a Colômbia. Resultado? Vitória por 2 a 1 e a vaga nas semifinais do Mundial que sedia. Será a primeira vez do Brasil nesta fase desde 2002.

E o gols do triunfo não poderiam ser mais simbólicos: o 1°, de Thiago Silva, logo no início do jogo, do capitão que assumiu que não queria bater pênalti contra o Chile, que sentou em uma bola e, emocionado, chorou; e o 2°, de David Luiz, o provável capitão da semifinal, já que Thiago está suspenso (Júlio César também é candidato), em linda cobrança de falta. Se redimiram, se é que essa é a palavra para justificar um momento de emoção, e não de fraqueza, como aquele contra o Chile. Na próxima terça-feira, Brasil e Alemanha duelarão pela segunda vez na história das Copas, em Belo Horizonte. Vale a vaga para a tão sonhada final, para apagar qualquer maldição que possa existir desde 1950.

Fases do jogo : 

O Brasil entrou pressionando a Colômbia no campo de defesa rival, lembrando a postura apresentada na última quartas de final disputada pela seleção - contra a Holanda, em 2010. A mesma velocidade na saída de jogo - principalmente com Fernandinho, destaque do meio campo - e ótima postura defensiva, tanto com David Luiz como com Thiago Silva, que souberam ajudar Maicon na direita , o lateral que substituiu Daniel Alves. O resultado foi o gol de Thiago Silva, logo aos 6 minutos, aproveitando bola que passou por toda a defesa colombiana em escanteio cobrado por Neymar.

Só que, diferentemente de 2010, o Brasil não esmoreceu na segunda etapa. O ritmo, é claro, foi diminuído. Mas não com desespero ou erros, e sim com cadência. A Colômbia não conseguiu fazer a bola chegar em James Rodriguez e Cuadrado, no meio, muito menos a seus atacantes. E assim o Brasil aproveitou que os colombianos optavam por matar os ataques rivais com faltas para aumentar o placar assim: David Luiz cobrou colocado, no ângulo esquerdo de Ospina, que tocou na bola, mas sem força para afastá-la. 

Claro, não faltou drama: Bacca saiu na cara de Júlio César aos 31 minutos de jogo e foi derrubado. James Rodríguez cobrou o pênalti muito bem, rasteiro, e diminuiu. Foi a deixa para que a Colômbia pressionasse. E para que a zaga brasileira se destacasse atrás como fez na frente. A bola não mais tocou as redes e o Brasil está entre os quatro melhores do mundo.

O melhor : Fernandinho - O volante que ganhou a vaga de titular para a fase de mata-mata da Copa justificou mais uma vez a escolha de Felipão. Na defesa, Fernandinho fez sua parte e a de Paulinho (que substituiu Luiz Gustavo, suspenso). diminuindo os espaços de Cuadrado e James Rodriguez e dificultando qualquer chegada colombiana. No ataque, foi a válvula de escape do Brasil, levando a bola para Neymar e Hulk. Thiago Silva também merece destaque: teve boa atuação na zaga para somar ao gol marcado - o problema é que, em lance infantil, se colocou entre o goleiro Ospina e a bola durante reposição colombiana e levou amarelo, que suspende o defensor da semifinal.

O pior : Cuadrado - O meia colombiano foi anulado por Fernandinho. Diferentemente das chances que teve contra os três rivais da primeira fase e contra o Uruguai, nas oitavas, Cuadrado não achou nenhum passe para seus companheiros atacantes ou mesmo para James Rodriguez. Não à toa, quando a Colômbia diminuiu o placar e tentava pressionar o Brasil, foi ele o escolhido para sair para a entrada do meia ofensivo Quintero.

Chave do jogo : Os defensores brasileiros. Thiago Silva e David Luiz tiveram ótimas atuações na defesa e, para substituir a inoperância de Oscar e Fred, e a fraca atuação de Neymar, foram ao ataque para dar a vaga à seleção. Thiago Silva mostrou que tem oportunismo, já que tocou a bola para o gol colombiano após quatro zagueiros rivais deixarem passar. Já David Luiz mostrou talento com a bola no pé: cobrança espetacular de falta, no ângulo.

Toque dos técnicos : Felipão 'celebrou' os gols de seus zagueiros colocando mais jogadores para ajudá-los. As três substituições que fez foram para a entrada de quem se postaria à frente da defesa para protegê-los: Hernanes, Ramires e Henrique entraram. A opção defensiva ficou clara quando Neymar, após uma dividida, sentiu dores nas costas, aos 41 minutos da segunda etapa, e foi Henrique o escolhido para entrar, deixando Fred e Oscar sozinhos no campo ofensivo.

Para lembrar :

James Rodriguez, um dos melhores jogadores da Copa até as quartas de final - e artilheiro, com seis gols -, vive uma maldição particular: ele nasceu no dia 12 de julho de 1991, um dia antes da última vitória colombiana sobre o Brasil (2 a 0 pela Copa América). Não conseguiu quebrá-la em Fortaleza.

Com a classificação, o Brasil evitou igualar seu recorde de Copas seguidas sem aparecer entre os quatro melhores: isso só aconteceu uma vez, entre as Copas de 1982 e 1990.

O gol de Thiago Silva foi o primeiro de um capitão da seleção em Copas desde Raí, em 1994 - o meia começou a copa como titular e capitão, perdendo depois a vaga no time para Mazinho e a faixa para Dunga. Dunga, em 1994 e 1998, Cafu, em 2002 e 2006, e Lúcio, em 2010, não marcaram usando a braçadeira.

Ficha Técnica / BRASIL 2 X 1 COLÔMBIA

Data : 4 de julho de 2014

Horário : 17h00 (de Brasília)

Local : Castelão, em Fortaleza (CE)

Árbitro : Carlos Velasco Carballo (ESP)

Assistentes : Roberto Alonso Fernandez (ESP) e Juan Yuste (ESP)

Cartões amarelos : Thiago Silva, aos 17 min., Júlio César, aos 31 min. do 2°t (BRA); James Rodriguez, aos 21 min., Yepes, aos 27 min. do 2°t (COL)

Gols : Thiago Silva, aos 6 min. do 1°t, David Luiz, aos 23 min. do 2°t (BRA); James Rodriguez, de pênalti, aos 34 min. do 2°t (COL)

Brasil : Júlio César; Maicon, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Fernandinho, Paulinho (Hernanes, aos 40 min. do 2°t) e Oscar; Neymar (Henrique, aos 42 min. do 2°t), Hulk (Ramires, aos 37 min. do 2°t) e Fred / Técnico: Luiz Felipe Scolari

Colômbia :  Ospina; Zuñiga, Zapata, Yepes e Armero; Sanchez, Guarín, James Rodriguez e Cuadrado (Quintero, aos 35 min. do 2°t); Ibarbo (Adrián Ramos, no intervalo) e Teófilo Gutierrez (Bacca, aos 27 min. do 2°t) / Técnico: José Pekerman

Por Marcelo Oliveira / VídeoPlay Esporte

terça-feira, 1 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 / OITAVAS DE FINAL


Com Messi 'garçom', Argentina bate Suíça com gol no fim da prorrogação

O sofrimento parece perseguir a Argentina nesta Copa do Mundo. Desta vez foi diante do 'ferrolho' da Suíça, que jogou dentro de sua área praticamente toda a partida e segurou como pôde o empate sem gols no tempo normal. Ter Messi, porém, é meio caminho andado para a vitória. Já no fim da prorrogação, o craque deu sua arrancada característica e deixou Dí María livre para marcar, garantindo o triunfo no sufoco por 1 a 0, nesta terça-feira, no Itaquerão.

Classificação na base da raça e da insistência diante de um adversário que voltou a adotar o 'ferrolho' para tentar sobreviver. Mas que volta a levantar suspeitas do quão longe esta equipe pode chegar diante da 'Messidependência'. Na quartas de final, a Argentina enfrentará o vencedor de Bélgica e Estados Unidos. O sonho de um título na casa de seu maior rival segue vivo para a 'geração Messi'.

As fases do jogo : 

Nada de partir com tudo para o ataque. Diante de um gigante do futebol mundial, a Suíça trouxe de volta seu bom e velho 'ferrolho'. Marcou com praticamente todos seus jogadores atrás da bola e não economizou nas faltas para parar Messi. Com o camisa 10 bem guardado, a Argentina não obrigou Benaglio a fazer sequer uma defesa difícil durante toda a etapa inicial. E ainda bobeou na defesa nas vezes em que os suíços avançaram. Aos 27, Xhaka recebeu sozinho na área e parou em grande defesa de Romero. Em contra-ataque aos 38, Drmic saiu cara a cara com o goleiro, tentou encobrir e apenas recuou para o camisa 1.

O susto serviu para acordar a Argentina, que encurralou a Suíça em sua grande área no início da etapa final e tentou abrir o placar na base da pressão. Com o adversário recuado, a alternativa foi insistir nos cruzamentos e nas jogadas individuais de Messi. Nada, porém, deu certo diante da retranca europeia. Empate sem gols e prorrogação. No tempo extra, Benaglio fez milagre em chute de fora da área de Dí María, que entraria no ângulo. Quando tudo caminhava para os pênaltis, brilhou Messi. Em bela arrancada, deixou Dí Maria na cara do gol para marcar. Já nos acréscimos, Dzemaili quase empatou para os suíços, mas a bola acertou a trave.

O melhor : Benaglio – Quando a Argentina passou pelo 'ferrolho' suíço, encontrou um paredão. O goleiro da seleção europeia fez grandes defesas, a mais difícil em um chute de Dí María no ângulo já no segundo tempo da prorrogação. Só não saiu como herói porque não teve como evitar o gol de Dí María no fim da prorrogação.

O pior : Xhaka – Meia tinha a responsabilidade de cadenciar o ritmo do meio-campo suíço, acelerando o jogo quando houvesse a possibilidade de contra-ataque. Mas o gol perdido no primeiro tempo, quando parou em grande defesa de Romero, parece tê-lo abalado. Perdido no restante da partida, errou muitos passes e viu os argentinos tomarem conta do meio-campo. Acabou substituído na etapa final.

A chave do jogo : Recuo excessivo da Suíça –Se nos outros jogos mostrou um futebol mais ofensivo, desta vez os europeus se limitaram a se defender na maior parte da partida. Os argentinos se aproveitaram para dominar o meio-campo e jogaram praticamente toda a etapa final dentro da área adversária.

Toque dos técnicos : A Suíça apostou na ligação direta defesa-ataque para surpreender a Argentina no contra-ataque. A tática quase deu resultado no primeiro tempo, mas Drmic desperdiçou cara a cara com Romero. Na etapa final, Sabella orientou seus jogadores a adiantarem a linha de marcação. Desta forma, encurralou os suíços, que não conseguiram se armar ofensivamente.

Para lembrar :

Rei nas tribunas. Eterno desafeto de Maradona, Pelé mostrou que não tem nada contra os demais argentinos. O maior jogador de todos os tempos fez sua primeira aparição em um jogo desta Copa e esteve no Itaquerão para assistir ao confronto pelas oitavas de final.

Duelo nas arquibancadas. Argentinos e brasileiros fizeram um duelo fora de campo. Enquanto os hermanos tentavam apoiar sua seleção, os anfitriões respondiam com gritos de 'pentacampeão'.

Luto Suíço. Horas antes da partida contra a Argentina, o técnico Ottmar Hitzfeld recebeu a notícia da morte de seu irmão mais velho. O porta-voz da seleção não deu maiores detalhes sobre o falecimento e pediu que a intimidade do treinador fosse respeitada.

Juiz joga contra. Mal colocado, Jonas Eriksson atrapalhou ataque suíço na prorrogação e quase 'roubou a bola' de Shaqiri. Furioso, o meia da seleção europeia deu uma sonora bronca no árbitro.

Ficha Técnica / ARGENTINA 1 X 0 SUÍÇA

Argentina : Romero; Zabaleta, Garay, Fede Fernández e Rojo (Basanta); Mascherano, Gago (Biglia) e Di María; Lavezzi (Palacio), Messi e Higuaín. / Técnico : Alejandro Sabella

Suíça : Benaglio; Lichtsteiner, Djourou, Schäre Ricardo Rodriguez; Behrami, Inler, Xhaka (Gelson Fernandes), Mehmedi (Dzemaili)eShaqiri; Drmic (Seferovic). / Técnico : Ottmar Hitzfeld

Data : 01/07/2014 – 13h

Local : Itaquerão (São Paulo)

Árbitro : Jonas Eriksson (SUE)

Auxiliares : Mathias Klasenius e Daniel Warnmark (SUE)

Cartões amarelos : Rojo, Dí María e Garay (Argentina); Xhaka e Gelson Fernandes (Suíça)

Gols : Dí María, aos 14 min do 2º tempo da prorrogação

Fonte : uol.com.br


Vitória em emocionante prorrogação coloca geração de ouro belga nas quartas

Se ela é de ouro, fantástica, ótima, ou se qualquer outro adjetivo pode ser usado para descrever a atual geração que forma a seleção da Bélgica, isso vai ao gosto de cada torcedor. Para os belgas, o que importa é que, mesmo sem mostrar um futebol exuberante como muitos esperavam, eles estão ente os oito melhores da Copa. Nesta terça-feira, a Bélgica derrotou os Estados Unidos por 2 a 1, em Salvador, e avançou às quartas de final do Mundial, em sua melhor atuação no torneio - mesmo que o triunfo tenha saído só na prorrogação, após 0 a 0 no tempo normal.

O duelo na próxima etapa será com a Argentina. Pelo futebol apresentado por ambas as seleções até agora, o diferencial é "apenas" Messi. Se a geração belga for capaz de pará-lo, pode tornar concreto o sonho de todos que não param de elogiá-la. O palco para isso será Brasília, no próximo sábado. Por enquanto, fica a história de mais uma prorrogação emocionante naquela que, a cada jogo, pinta como forte candidata a melhor Copa de todos os tempos.

Fases do jogo : 

O primeiro tempo foi bom, apesar do 0 a 0. A segunda etapa foi da Bélgica, consagrando Tim Howard como um dos melhores goleiros da Copa. Mas a prorrogação, talvez, tenha sido o "melhor jogo" da Copa. 

Na primeira etapa do tempo extra, a Bélgica finalmente fez valer sua superioridade no gramado, naquela que talvez tenha sido melhor atuação na Copa. Com um minuto, gol, após linda jogada coletiva. De Bruyne recebeu de Lukaku, que entrou em velocidade pela ponta esquerda, cortou dois zagueiro e, finalmente, venceu Howard. A Bélgica passou a apostar que os EUA se abririam para sair ao ataque, e isso ocorreu. Aos 14 minutos, Lukaku recebeu em jogada três contra dois do ataque belga e venceu Howard batendo forte, pelo alto, quando o goleiro saía em seus pés.

O segundo tempo foi ainda melhor, com mais jogadas de habilidade e com um toque de drama gigantesco. Logo com um minuto, Green, que havia acabado de entrar, marcou, pegando de sem pulo, de primeira, lançamento de Bradley - golaço. Minutos depois, os EUA surpreenderam com impressionante jogada ensaiada e falta. Quatro toques em velocidade deixaram atordoados os zagueiros belgas, que viram Dempsey sair cara a cara com Courtois, que conseguiu a defesa com os pés. Até o final, os EUA abafaram. Chances foram criadas, mas nada entrou. Bélgica entre as oito melhores seleções do mundo.

O melhor : Tim Howard - O goleiro americano fez tudo que podia para parar o ataque da Bélgica, que a partir da segunda etapa do tempo normal saía a todo momento frente a frente com ele. Foram 15 defesas nesse estilo - recorde do Mundial. Ele defendeu bola pelo alto, dando "ponte", rasteira, com o pé. Os dois gols belgas só saíram porque chega uma hora que só milagre salva.

O pior : Jermaine Jones - Ninguém na partida teve atuação individual fraca. O problema de Jones foi que ele apareceu mais na defesa do que ligando a bola ao ataque, como deveria. Assim, os EUA ficaram ainda mais pressionados pelo ataque belga. Ele também perdeu ótima chance no segundo tempo da prorrogação, quando os EUA haviam acabado de diminuir o placar.

Chave do jogo : Assim como na primeira fase, a Bélgica precisou do banco de reservas para mudar o jogo a seu favor. Se na Grupo H era Origi que substituía Lukaku e colocava fogo no jogo, o contrário ocorreu nesta terça. Lukaku entrou para a prorrogação e participou dos dois gols do triunfo e da vaga nas quartas, marcando o da vitória.

Toque dos técnicos : Wilmots, o técnico belga, soube como quebrar seu trauma pessoal de queda nas oitavas de final de Copa - foi ele que, em 2002, marcou sobre o Brasil, mas viu o árbitro anular. Quando viu que Mertens não produzia bem no ataque, o trocou por Mirallas. Este deu mais velocidade as jogadas pelas pontas da Bélgica. Como o 0 a 0 persistia, na prorrogação tirou Origi, dono de boa atuação mas que parou em Howard, e voltou a escalar Lukaku, seu antigo titular. Ele de u opasse para o primeiro gol e marcou o segundo.

Para lembrar :

No começo do 1° tempo, um homem invadiu o gramado da Fonte Nova com uma camisa do Super-Homem. Nela, mensagens misturando inglês e português. Se tratava do italiano Mario Ferri, que já invadiu jogos de Copa e de Mundial de Clubes anteriormente.

Antes do duelo entre Bélgica e EUA, a média de gols da Fonte Nova era de 5,25 por partida. Com os três desta terça, a média caiu, para ainda ótimos 4,8.

Serão quatro seleções europeias e quatro das Américas nas quartas de final. A ausência de outro continente nesta fase não acontecia desde 1986, quando foram cinco europeias e três americanas.

Ficha Técnica / BÉLGICA 2 X 1 EUA

Data : 1° de julho de 2014

Horário : 17h00 (de Brasília)

Local : Fonte Nova, em Salvador (BA)

Árbitro : Djamel Haimoudi (ALG)

Assistentes : Redouane Achik (ALG) e Abdelhak Etchiali (ALG)

Cartões amarelos : Cameron, aos 18 min. do 1°t (EUA); Kompany, aos 41 min. do 1°t (BEL)

Gols : De Bruyne, aos 2 min, Lukaku, aos 14 min. do 1°t da prorrogação (BEL); Green, a 1 min. do 2°t da prorrogação (EUA)

Bélgica : Courtois; Alderweireld, Van Buyten, Kompany e Vertonghen; Witsel, De Bruyne, Fellaini e Hazard; Mertens (Mirallas, aos 15 min. do 2°t) e Origi (Lukaku, antes da prorrogação) / Técnico : Marc Wilmots

EUA : Howard; Cameron, Besler, Gonzales e Beasley; Johnson (Yedlin, aos 32 min. do 1°t), Bedoya (Green, aos 17 min. do 1°t da prorrogação),  Jones e Bradley; Dempsey e Zusi (Wondolowski, aos 27 min. do 2°t) / Técnico : Jürgen Klinsmann

Por Marcelo Oliveira / VídeoPlay Esporte

segunda-feira, 30 de junho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 / OITAVAS DE FINAL


França leva sufoco, mas promove 'blitz' no 2º tempo e elimina Nigéria

A França foi uma das sensações da primeira fase da Copa do Mundo. Goleadas, futebol ofensivo, Benzema artilheiro. Tudo levava a crer em uma classificação tranquila diante de um rival desacreditado. Nada disso. Sofreu a maior parte da partida e jogou bem apenas os últimos 15 minutos. Foi o suficiente para vencer e eliminar a Nigéria por 2 a 0, nesta segunda-feira, em Brasília, pelas oitavas de final.

Classificação no sufoco, diante de um rival que teve o domínio da partida em boa parte do confronto. A Nigéria, porém, mais uma vez seguiu sua sina de morrer nas oitavas de final. Passado o susto, os franceses devem encarar uma tarefa bem mais indigesta nas quartas: pegam o vencedor do duelo entre Alemanha e Argélia, com grandes chances de um clássico europeu logo na segunda rodada do mata-mata.

As fases do jogo : 

Os gols não saíram, mas foi um dos melhores primeiros tempos desta Copa. Nigéria e França fizeram uma etapa inicial aberta, com chances para os dois lados. Se os africanos tiveram maior posse de bola, os franceses foram mais agudos nos contra-ataques. Emenike, impedido, teve gol anulado aos 18. Dois minutos depois, Enyeama fez grande defesa em chute de Pogba. O volume de jogo era grande dos dois lados, mas faltava capricho e pontaria para os atacantes abrirem o placar.

A partida ganhou contornos dramáticos no segundo tempo. Aos 18, Lloris salvou os europeus em chute de Odemwingie. A partir da segunda metade da etapa final, a França partiu para a pressão. Benzema quase marcou aos 24, mas Moses tirou em cima da linha. Cabaye acertou o travessão em chute de fora da área aos 31. Enyeama fez milagre em cabeçada de Benzema aos 33. No lance seguinte, porém, o sufoco deu resultado. O goleiro nigeriano saiu mal e Pogba marcou de cabeça. A Nigéria ainda tentou empatar na base do desespero, mas cedeu espaços atrás e sofreu o golpe de misericórdia com gol contra de Yobo.

O melhor : Pogba – Praticamente todas as melhores jogadas da França passaram pelo pé do meio-campista. Se seu belo voleio parou em grande defesa de Enyeama no primeiro tempo, o meia francês mostrou oportunismo quando o goleiro nigeriano falhou.

O pior : Giroud – Foi um peso morto no ataque da França. Participou pouco e, quando pegou na bola, se atrapalhou. Não conseguiu acompanhar o ritmo veloz de seus companheiros Benzema e Valbuena, nem reteve a bola no campo ofensivo. Acabou substituído no segundo tempo.

A chave do jogo : Blitz francesa no fim do 2º tempo – A troca do inoperante Giroud pelo veloz Griezmann tirou a França do sufoco. Pressionada até a metade da etapa final, a seleção europeia passou a ditar o ritmo da partida. Foram 15 minutos intensos, com dois gols e mais outras três grandes oportunidades.

Toque dos técnicos : A Nigéria não quis saber de retranca. Teve maior posse de bola e procurou jogar pressionando os adversários desde a saída de bola. Ao contrário de outros jogos, a França preferiu não tomar a iniciativa no jogo desta segunda-feira. Apostou no contra-ataque em velocidade, com poucos toques na bola antes da finalização.

Para lembrar :

Nada de tapete. O gramado do estádio Mané Garrincha sentiu os efeitos da sequência de jogos. Esteve longe de suas melhores condições, com falhas em diversas partes do campo.

Torcida pelos africanos. Os nigerianos se sentiram jogando em casa em Brasília. Seja pela admiração ao 'mais fraco' ou pelo histórico dos franceses de 'algozes' do Brasil, os torcedores apoiaram e torceram pela seleção africana durante toda a partida.

Ficha Técnica / FRANÇA 2 x 0 NIGÉRIA

França : Lloris; Debuchy, Varane, Koscielny e Evra; Matuidi, Pogba, Cabaye e Valbuena (Sissoko); Giroud (Griezmann) e Benzema. Técnico: Didier Deschamps

Nigéria : Enyeama; Ambrose, Oshaniwa, Yobo e Omeruo; Mikel, Onazi (Reuben Gabriel), Musa, Moses (Uche Nwofor) e Odemwingie; Emenike. Técnico: Stephen Keshi

Data : 30/06/2014 - 13h

Local : Mané Garrincha (Brasília)

Árbitro : Mark Geiger (EUA)

Auxiliares : Mark Sean Hurd e Joe Fletcher (EUA)

Cartão amarelo : Matuidi (França)

Gols : Pogba, aos 34 min, e Yobo (contra) aos 46 min do 2º tempo

Fonte : uol.com.br


Com gol de letra na prorrogação, Alemanha sai do sufoco argelino e avança

A Argélia tentou – teve ótimas chances, abusou dos contra-ataques, viu o goleiro M'Bolhi conseguir impressionantes defesas. Mas a Alemanha parece gostar de clichês. Foi metódica. Mostrou que a camisa pesa. Não tomou, fez – e só na prorrogação. E assim está nas quartas de final da Copa do Mundo, entre as oito melhores seleções: como faz desde 1954. No Beira-Rio, em Porto Alegre, vitória sobre os africanos por 2 a 1, gol de letra de Schürrle no primeiro minuto do tempo extra, e de Özil no último, e clássico contra a França por vir.

Não houve o fim da maldição nem a vingança argelina por 1982, quando os africanos venceram os alemães, mas foram eliminados após os europeus realizarem "jogo de compadres" com a Áustria. Houve a continuidade de uma tradição. Quem prefere ver as seleções grandes indo longe em Copas está feliz. Quem prefere as "zebras" ficou no quase neste confronto. O Maracanã, na próxima sexta-feira, verá um duelo europeu.

Fases do jogo : 

O primeiro tempo foi de sufoco. Não, não para os argelinos, como muitos previam. Para os alemães. A Argélia encontrou um jeito de neutralizar o toque de bola em velocidade da Alemanha, tão característicos e que encontrou os torcedores durante a primeira fase, e apostou nos contra-ataques. Que só não deram certo por dois motivos: o erro no último toque, fosse o passe, fosse a finalização, e porque Slimani, o matador argelino, estava centímetros impedido quando conseguiu colocar a bola na rede de cabeça.

A segunda etapa continuou a ver a mesma tática argelina dando certo, mas com o crescimento alemão. M'Bolhi, o goleiro da Argélia, cresceu no jogo - e na frente de Müller, Lahm e cia., que pararam nas mãos do arqueiro em defesas espetaculares. Por isso, o 0 a 0 prosseguiu, e a prorrogação foi o destino. Em um minuto, o drama argelino: Schürrle completou cruzamento rasteiro de letra, na única bola que M'Bolhi não pôde alcançar. Não adiantou a pressão argelina nos outros 29 minutos. A Alemanha avançou, com gol de Özil no finalzinho para garantir. Djabou conseguiu diminuir nos acréscimos, mas não deu.

O melhor : M'Bolhi - O goleiro argelino teve atuação grandiosa, com defesas espetaculares: em destaque, uma cara a cara com Müller, uma em chute de longe de Lahm e outra em cabeçada de Müller na pequena área. Se não fosse ele, apesar do ótimo jogo da Argélia, a Alemanha provavelmente teria se classificado já no tempo normal. Destaque também para Slimani, o centroavante, que foi quem fez a Argélia sufocar a Alemanha com seus contra-ataques. Ele jogou isolado, mas de forma muito inteligente. Tanto que Neuer, o goleiro alemão, atuou diversas vezes de líbero, para salvar que Slimani escapasse sozinho nas costas de Mertesacker e Boateng.

O pior : Götze - O meia alemão ficou no banco contra os EUA, recuperou a vaga para as oitavas de final e acabou substituído no intervalo. Não ajudou Müller, o atacante isolado da Alemanha, e não colaborou na criação de jogadas com Özil e Kroos, que ficaram sobrecarregados enquanto Götze ficou em campo. Schürrle, seu substituto, fez o gol salvador.

Chave do jogo : A paciência alemã foi a vencedora sobre os contra-ataques argelinos. Se os principais lances de susto da partida foram da Argélia, sempre na velocidade e nos lançamentos inteligentes em profundidade, restou a Alemanha tocar a bola quando a possuía e esperar o momento certo. Ele veio, na prorrogação, e com ele a vaga.

Toque dos técnicos : Pelo lado alemão, Joachim Löw mudou novamente o time, apostando na manutenção da titularidade de Schweinsteiger, para melhorar o controle de bola no meio, já que Khedira teve fracas atuações, e na volta de Götze - que deu errado, logo trocado por Schürrle. E foi Schürrle que, logo no primeiro minuto da prorrogação, fez, de letra, meio sem querer, o 1° gol do triunfo.

Já na Argélia, Vahid Halilhodzic mudou o time que deu certo contra Rússia e Coreia do Sul e tirou Djabou e Brahimi, donos de ótimas atuações na fase de grupos, para armar sua equipe no 5-4-1, com Slimani isolado e três zagueiros. Para quem pensava que isso significaria apenas retranca, não foi assim: a Argélia abusou dos contra-ataques em velocidade, com ótimas trocas de passe. A eliminação veio, mas por pouco, muito pouco.

Para lembrar :

Hummels, zagueiro titular da Alemanha, ficou fora do duelo pelas oitavas por ter amanhecido nesta segunda-feira com febre. Ele foi substituído por Mustafi, que chegou a ser cortado da delegação antes da Copa por treinar abaixo do nível de seus companheiros, segundo Joachim Löw. 

O meia argelino Feghouli jogou com curativo na cabeça. Na partida contra a Coreia do Sul, ele sangrou bastante após choque e não conseguiu se recuperar plenamente até o jogo das oitavas.

Até aqui, a Argélia tinha 100% em jogos contra a Alemanha: 2 a 0 em amistoso em 1964 e 2 a 1 na Copa do Mundo de 1982.

Thomas Müller protagonizou um dos lances mais engraçados da Copa. Em jogada ensaiada no finalzinho da segunda etapa, ele tropeçou e caiu, atrasando todo o plano alemão. A cobrança, é claro, acabou prejudicada e passou longe de dar certo.

A África segue com um limite em Copas: Camarões, em 1990, Senegal, em 2002, e Gana, em 2010, são as únicas seleções do continente a chegar às quartas de final. Nenhuma avançou para as semis.

Ficha Técnica / ALEMANHA 2 X 1 ARGÉLIA

Data : 30 de junho de 2014

Horário : 17h00 (de Brasília)

Local : Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)

Árbitro : Sandro Meira Ricci (BRA)

Assistentes : Emerson de Carvalho (BRA) e Marcelo Van Gasse (BRA)

Cartões amarelos : Halliche, aos 41 min. do 2°t (ALG); Lahm, aos 2 min. do 2°t da prorrogação (ALE)

Gols : Schürrle, a 1 min. do 1° t da prorrogação, Özil, aos 14 min. do 2°t da prorrogação (ALE); Djabou, aos 16 min. do 2°t da prorrogação (ALG)

Alemanha : Neuer; Höwedes, Boateng, Mertesacker e Mustafi (Khedira, aos 24 min. do 2°t); Lahm, Schweinsteiger (Kramer, aos 4 min. do 2°t da pror), Kroos, Götze (Schürrle, no intervalo) e Özil; Müller
Técnico : Joachim Löw

Argélia : M'Bolhi; Mandi, Mostefa, Halliche (Bouguerra, aos 6 min. do 1° t da pror.), Belkalem e Ghoulam. Lacen, Feghouli, Taider (Brahimi, aos 32 min. do 2°t) e Soudani (Djabou, aos 9 min. do 1°t da pror.); Slimani
Técnico : Vahid Halilhodzic

Por Marcelo Oliveira / VídeoPlay Esporte

domingo, 29 de junho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 / OITAVAS DE FINAL


Sob forte calor, Holanda sua, faz dois após 40 min do 2º T e elimina México

Que sufoco! A Holanda suou (literalmente) muito, mas conseguiu passar por cima do México com um gol de pênalti nos acréscimos do segundo tempo. Com o placar de 2 a 1, o time europeu avança às quartas de final da Copa do Mundo e mantém viva a chance de buscar seu primeiro título Mundial. Já os mexicanos seguem eliminados nas oitavas de final como tem sido nas últimas edições.

O jogo foi disputado no Castelão, com um calor de 32ºC, com duas paradas técnicas e dois tempos completamente distintos. No primeiro, o México buscou o gol a todo momento e viu uma Holanda esperar pelos erros. Na etapa final, com o gol logo aos três minutos, os mexicanos recuaram e foram pressionados o tempo inteiro. Ochoa voltou a aparecer, mas não suportou a pressão e foi vazado duas vezes em cinco minutos. Os holandeses, agora, pegam Costa Rica ou Grécia, no próximo sábado, em Salvador, às 17h. 

Fases do jogo : 

México e Holanda vieram com propostas diferentes para o primeiro tempo. Enquanto a equipe de Van Gaal trocava passes e aguardava um deslize adversário, os mexicanos pegavam a bola e eram incisivos, com um jogo muito mais verticalizado. Não à toa, tiveram boas chances de abrir o placar nos primeiros 45 minutos. Pararam em Cillessen em todas elas. Os holandeses aproveitaram uma falha da zaga mexicana e reclamaram bastante de um pênalti não marcado em cima de Robben.

A busca pelo gol no primeiro tempo foi premiada no início da segunda etapa, com um gol de Giovani dos Santos logo aos 3 minutos. Imediatamente após ficar atrás no placar, os holandeses aceleram o ritmo e passaram a espremer os mexicanos no campo de defesa. Herrera até reforçou o sistema defensivo com Aquino no lugar do autor do gol. A tática deu certo até os 44, quando Sneijder furou a barreira e empatou o placar. Para piorar, com gol de pênalti nos acréscimos, o time da Europa garantiu a vaga. 

O melhor : Ochoa. Fez dois milagres e conseguiu segurar os holandeses até os 44 minutos do 2º tempo. O problema é que todo milagre tem limite. O recuo excessivo dos mexicanos acabou punido com dois gols dos holandeses.  

O pior : Herrera. O treinador preferiu abdicar da estratégia que deu certo nos 50 primeiros minutos de jogo. Depois de abrir o placar, colocou seu time todo atrás e viu a Holanda virar o jogo com dois gols perto do apito final. 

Chave do jogo : A melhor defesa é o ataque. A Holanda optou por trabalhar mais a bola e tentar atacar só na certeza ou no erro mexicano. Quando percebeu que precisaria mudar de estratégia, conseguiu pressionar os mexicanos e marcaram dois gols em cinco minutos. 

Toque dos técnicos : Miguel Herrera manteve seu time com uma pegada ofensiva. O México teve menos a posse de bola, mas criou as melhores chances do jogo. Já Van Gaal orientou seus jogadores a trocarem muitos passes até achar a brecha para finalizar só na hora certa. Com o placar adverso, o mexicano se defendeu, trouxe muito o time adversário para cima. Van Gaal, por sua vez, apostou em Huntelaar, que marcou o gol de pênalti.  

Para lembrar :

Reclamação de pênalti. Robben e seus companheiros reclamaram bastante de um pênalti não marcado pelo português Pedro Proença. O atacante holandês aproveitou bobeada da zaga adversária e a televisão mostrou que foi tocado por duas vezes e por dois jogadores diferentes antes de cair. Depois, em outro lance, forçou o contato. De tanto insistir, conseguiu o pênalti na terceira tentativa.

Parada técnica. Desta vez, não teve opção para o árbitro analisar a situação. Agora é obrigação que o jogo seja parado perto dos 30 minutos de cada tempo para que os jogadores se hidratem. São três minutos, e os treinadores aproveitam para passar as ordens e tentar mudar o jogo.

O figura da Copa. Miguel Herrera, técnico do México, tem uma boa chance de ser eleito o figurão da Copa. Ele não esconde suas emoções dentro de campo, dá muito trabalho para o 4º árbitro saindo da área técnica e já tinha avisado que seria assim até o fim!

Ficha Técnica / HOLANDA 2 X 1 MÉXICO

Data : 29/06/2014 - 13h

Local : Castelão (Fortaleza)

Árbitro : Pedro Proença (POR)

Auxiliares : Bertino Miranda e Jose Trigo (Ambos de Portugal)

Cartões amarelos :  Aguilar e Guardado (MEX)

Gols : Giovani dos Santos (MEX), aos 3 minutos do 2º tempo, Sneijder (HOL), aos 44 minutos do 2º tempo e Snejider, aos 47 minutos do 2º tempo.

Holanda : Cillessen, Vlaar, De Vrij, Blind, De Jong (Bruno Indi), Van Persie (Huntelaar), Sneijder, Robben, Verhaegh (Memphis), Kuyt, Wijnaldum.
Técnico: Van Gaal

México : Ochoa, Rodriguez, Salcido, Marquez, Herrera, Layun, Dos Santos (Aquino), Moreno (Reyes), Guardado, Peralta (Hernandéz), Aguilar
Técnico: Miguel Herrera

Fonte : uol.com.br


Nos pênaltis, Costa Rica está entre os 8 melhores após muito sofrimento

Qual a culpa Costa Rica e Grécia têm se Itália, Inglaterra e Costa do Marfim foram incapazes de eliminá-los? Nenhuma, além do melhor futebol jogado por suas equipes. Foi assim que surgiu o mais alternativo jogo das oitavas de final da Copa o Mundo 2014, e foi com o espírito com que conseguiram suas vagas que as duas seleções entraram em campo na Arena Pernambuco neste domingo. Melhor para a Costa Rica, que ousou mais, tentou mais o ataque e foi recompensada com a vaga inédita nas quartas de final da Copa: 5 a 3 nos pênaltis sobre os gregos, após 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. Vitória apenas nos pênaltis, sim, mas para quem mostrou o futebol mais curioso da Copa até aqui, qual o problema? Ninguém esperava nada deles no "Grupo da Morte", e agora já alcançam sua melhor participação em Copas. Será que algo é impossível para os "Ticos"?

Eles tentarão descobrir contra a Holanda, atual vice-campeã do mundo, no próximo sábado, em Salvador. Itália e Inglaterra, campeãs do mundo, já sofreram com o time da América Central - será que um time três vezes vice também sofrerá? Até lá, segue o conto de fadas costarriquenho. Para a Grécia, fica a lição de que, às vezes, é preciso sair para o ataque. Quando conseguirem, talvez repitam a bela história construída pela Costa Rica, que está ente as oito melhores seleções do mundo no momento.

Fases do jogo : 

Nem Costa Rica, que conseguiu superar o antes chamado "Grupo da Morte", nem a Grécia, que conseguiu sua vaga do jeito mais emocionante entre todas as 16 seleções que avançaram, iriam se expôr no jogo mais importante da história de ambas as seleções. Por isso, o primeiro tempo de jogo foi enfadonho, com poucas chances de perigo - a melhor veio com a Grécia, em cabeçada de Salpingidis que terminou em impressionante defesa de Navas, com a perna esquerda.

Só que tudo mudou logo aos seis minutos da segunda etapa, quando a Costa Rica trocou passes, mostrando a mesma categoria da primeira fase, até achar o capitão Bryan Ruiz, o autor do gol no triunfo sobre a Itália, livre na meia-lua. De perna esquerda, ele colocou a bola de mansinho no canto esquerdo de Karnezis, goleiro grego, que nem se mexeu. A Grécia teve que sair para o jogo, como ocorreu contra a Costa do Marfim. De novo, poucos acreditavam. De novo, deu certo. No último lance, Salpingidis girou e bateu forte, Navas pegou, mas Papastathopoulos fez no rebote.

Nos pênaltis, após 0 a 0 na prorrogação, a Costa Rica contou com Navas, o melhor da partida. Pegou o pênalti de Gekas com uma só mão. História feita para o pequeno país de América Central que não possui exército, mas que mostrou muito poderio na Copa até aqui – e capacidade de superação.

O melhor : Navas - Nas estatísticas, ele foi o melhor goleiro do último Campeonato Espanhol jogando pelo Levante. Por isso, virou o principal exemplo para os costarriquenhos de que eles poderiam surpreender na Copa. Sim, Bryan Ruiz, Campbell e Bolaños, na frente, são quem dão o toque de habilidade do time. Mas é Navas quem garante os resultados lá atrás com suas defesas. Neste domingo, foi sua segurança que permitiu à Costa Rica recuar após abrir 1 a 0 - sabiam que, em seu gol, estava um dos melhores goleiros do Mundial. Sim, a Grécia empatou no tempo normal, mas só em rebote de mais uma grande defesa dele. Na prorrogação, duas defesas espetaculares, inclusive uma aos 16 minutos do segundo tempo. Nos pênaltis, uma defesa: a da vaga.

O pior : Samaris - O meia grego foi a aposta do técnico Fernando Santos após marcar um dos gols da vaga contra a Costa do Marfim. Mas ele nada produziu no meio grego, que dependia de alguma lucidez para conseguir no mínimo o empate. Não só levou cartão amarelo pelo nervosismo como foi substituído por Mitroglou, com o objetivo de conseguir mais efetividade no ataque.

Chave do jogo : A raça grega - Eles parecem gostar de jogar só de um jeito: com sofrimento. Tem que ser no último segundo, tem que ser quando ninguém mais acredita neles. Quando todos pensam que eles estão mortos. Não à toa, são chamados de "Navio Pirata": os que roubam dos navios grandes. Mais uma vez, a Grécia se salvou no último minuto. Não deu nos pênaltis, mas foi essa raça que deu emoção ao jogo que muitos acreditavam que seria um dos piores da Copa. A Costa Rica avança, mas a Grécia também faz parte dessa história.

Toque dos técnicos : Fernando Santos mexeu três vezes em seu time, todas no ataque. Resultado: A Grécia atacou muito mais, principalmente após a expulsão de Duarte, no 2° tempo. Jorge Luís Pinto, o técnico costarriquenho, foi prejudicado por perder um jogador e não teve como mexer no ataque. Deu sorte que Navas defendeu quase tudo que chegou ao seu gol. Não foi um toque errado, foi um toque prejudicado por uma situação que ele não previa. 

Para lembrar :

Boa parte do público que foi à Arena Pernambuco para o duelo pareceu não ter o "espírito alternativo" que o jogo exigia. Apesar de eliminarem seleções mais tradicionais na primeira fase, Costa Rica e Grécia levaram vaias no começo do jogo de torcedores que queriam ver um duelo de camisas mais tradicionais - mas de, na fase de grupos da Copa, menos futebol, que é o que vale.


Aos nove minutos do 2° tempo, Torosidis desviou bola com a mão dentro da área, em cruzamento que chegaria para Bryan Ruiz finalizar. O pênalti não foi visto pelo árbitro.

O gol de Bryan Ruiz foi o 19° gol de um capitão na Copa, melhor marca na história.

A Costa Rica supera sua melhor campanha em Copas. Em 1990, chegou às oitavas, mas caiu por 4 a 1 para a Tchecoslováquia. A Grécia, mesmo com a eliminação, também alcançou seu melhor resultado em Mundiais.

Ficha Técnica / COSTA RICA 1 (5) X (3) 1 GRÉCIA

Data : 29 de junho de 2014

Horário : 17h00 (de Brasília)

Local : Arena Pernambuco, em Recife (PE)

Árbitro : Benjamin Williams (AUS)

Assistentes : Matthew Cream (AUS) e Hakan Anaz (AUS)

Cartões amarelos : Samaris, aos 35 min. do 1°, Manolas, aos 26 min. do 2°t (GRE); Duarte, aos 42 min. do 1°t, Tejeda, aos 3 min., Granados - no banco -, aos 10 min., Ruiz, aos 25 min., Navas, aos 44 min. do 2°t (CRC)

Cartão vermelho : Duarte, aos 21 min. do 2°t (CRC)

Gols : Bryan Ruiz, aos 6 min. do 2°t (CRC); Papastathopoulos, aos 45 min. do 2°t (GRE)

Costa Rica : Navas; Gamboa (Acosta, aos 31 min. do 2°t), Gonzalez, Umaña, Duarte e Diaz; Bolaños (Brenes, aos 39 min. do 2°t), Borges, Tejeda (Cubero, aos 20 min. do 2°t) e Bryan Ruiz; Joel Campbell
Técnico : Jorge Luís Pinto

Grécia : Karnezis; Holebas, Papastathopoulos, Manolas e Torosidis; Maniatis (Katsouranis, aos 32 min. do 2°t), Karagounis, Samaris (Mitroglou, aos 12 min. do 2°t) e Christodoulopoulos; Salpingidis (Gekas, aos 24 min. do 2°t)  e Samaras
Técnico : Fernando Santos

Por Marcelo Oliveira / VídeoPlay Esporte